5 de outubro de 2015

[Resenha] O Leão, A Feiticeira e O Guarda-roupa


"Era uma vez duas meninas e dois meninos: Susana, Lúcia, Pedro e Edmundo. Esta história nos conta algo que lhes aconteceu durante a guerra, quando tiveram de sair de Londres, por causa dos ataques aéreos. Foram os quatro levados para a casa de um velho professor, em pleno campo, a quinze quilômetros de distância da estrada de ferro e a mais de três quilômetros da agência de correios mais próxima. ”
(página 103)

Primeiras impressões

A primeira coisa que me chamou a atenção neste livro foi a dedicatória. Nela, descobre-se que a história começou a ser escrita para a afilhada do autor, Lucy Barfield. Mas ele esqueceu que “as meninas crescem mais depressa do que os livros”, logo, ela já está muito grande para ler contos de fadas e quando o livro estiver finalizado (impresso e encadernado) ela estará mais crescida ainda. Acredito que o autor não imaginava que a história escrita por ele ultrapassaria tantos limites que alcançaria não somente sua afilhada, mas sim crianças de todas as regiões do mundo e que o amor pela obra não ficaria restrito a crianças ou a mães lendo para seus filhos, mas estaria nos corações de meninas e meninos e mulheres e homens de todas as idades.
Ao começar a ler este livro também descobri que A-M-O histórias que começam com “Era uma vez... ”, estas três palavrinhas formando uma frase são capazes de criar expectativas grandiosas quanto a todas as palavras que as sucedem. *---*
Quanto ao livro propriamente... gostaria de ter os sete livros separados, mas, por enquanto, só tenho a edição “As Crônicas de Nárnia - Volume Único”, que reúne os sete livros da série. É um livro um pouco grande e pesado, o que torna difícil levá-lo na bolsa para ler em qualquer lugar :( . Mas, exceto por este motivo, é uma boa edição. Contém as ilustrações de Pauline Baynes, não contém erros ortográficos (eu não lembro de ter localizado algum), a qualidade do livro (páginas e capa) e a diagramação são boas e a capa é linda!

>> Saiba mais sobre o livro aqui. <<

Minha opinião

É possível reunir aventuras, amizade, amor, drama, um país fantástico, reis, rainhas, seres humanos, seres mitológicos, animais falantes, anões, gigantes, batalhas, profecias e uma representação de Jesus Cristo em uma única história? É possível um livro ser infantil e para todas as idades ao mesmo tempo?? Sim. Sim. Para Clive Staples Lewis, é possível!!

“O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa” é o segundo livro em ordem cronológica e foi o primeiro livro publicado da série “As Crônicas de Nárnia”. Nele, Lewis nos presenteia com um enredo envolvente e gracioso, cheio de surpresas (que podem não ser ‘surpresas’ se você já assistiu ao filme, mas, ainda assim, emocionam), um país incrível, com encantos naturais e mágicos, e personagens cativantes. O autor também nos apresenta os irmãos Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, com quem nos aventuramos no país de Nárnia.
As aventuras em Nárnia iniciam logo no dia seguinte a chegada dos irmãos a casa do professor, quando eles têm seus planos frustrados e são obrigados a ficar dentro de casa, uma casa enorme, “o tipo da casa que parece não ter fim, cheia de lugares surpreendentes” (p.104). E foi em um destes lugares que descobrimos uma das melhores surpresas da literatura, “uma sala onde só existia um imenso guarda-roupa (...). Nada mais na sala, a não ser uma mosca morta no peitoril da janela” (p. 105).

Mas... o que esperar de um lugar como este? Que grande surpresa pode haver em uma sala vazia?
Se você for como Pedro, dirá que lá não há nada e logo desistirá e abandonará esta aventura (antes mesmo que ela comece). Mas se for como Lúcia, dirá que vale a pena insistir um pouco mais, tentar algo que ninguém tenha pensado em fazer antes, mesmo que pareça que não terá sucesso na empreitada.
É assim que conhecemos cada personagem, nem tanto por suas características físicas, mas por demonstrações de seu caráter. Como: em uma casa simples, porém aconchegante, ter duas cadeirinhas, uma para o dono e outra para um amigo (amizade, hospitalidade); escolher dizer a verdade mesmo que ninguém acredite, o que lhe provoca um grande desgosto (sinceridade); decidir humilhar alguém inocente para não ter que assumir seu erro (maldade, ganância); provocar até medo por ser muito poderoso e perigoso, mas nunca fazer mal (bondade). Assim, a história pode ser interpretada de forma simples, como um conto de fadas para entreter uma criança, ou complexa e profunda, como uma fonte de lições que você pode entender se refletir um pouco.
É uma história que vale a pena ser lida, ser degustada. “E quem disse que a história não é verdadeira? ” (p. 122)

“É claro que um dia vocês voltarão a Nárnia. Quem é coroado rei em Nárnia, será sempre rei em Nárnia. Mas não tentem seguir o mesmo caminho duas vezes. Na verdade, vocês nem devem fazer coisa alguma para voltar a Nárnia. Nárnia acontece. Quando menos esperarem, pode acontecer. “ (p.186)
“E chegamos ao fim das aventuras do guarda-roupa. Mas, se o professor tinha razão, as aventuras em Nárnia estavam apenas começando. “ (p. 186)


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