"Era uma vez duas meninas e dois meninos: Susana, Lúcia, Pedro e Edmundo. Esta história nos conta algo que lhes aconteceu durante a guerra, quando tiveram de sair de Londres, por causa dos ataques aéreos. Foram os quatro levados para a casa de um velho professor, em pleno campo, a quinze quilômetros de distância da estrada de ferro e a mais de três quilômetros da agência de correios mais próxima. ”
Primeiras impressões
A primeira coisa que me chamou a atenção neste livro foi a
dedicatória. Nela, descobre-se que a história começou a ser escrita para a
afilhada do autor, Lucy Barfield. Mas ele esqueceu que “as meninas crescem mais depressa do que os livros”, logo, ela já
está muito grande para ler contos de fadas e quando o livro estiver finalizado
(impresso e encadernado) ela estará mais crescida ainda. Acredito que o autor
não imaginava que a história escrita por ele ultrapassaria tantos limites que
alcançaria não somente sua afilhada, mas sim crianças de todas as regiões do
mundo e que o amor pela obra não ficaria restrito a crianças ou a mães lendo
para seus filhos, mas estaria nos corações de meninas e meninos e mulheres e
homens de todas as idades.
Ao começar a ler este livro também descobri que A-M-O
histórias que começam com “Era uma vez...
”, estas três palavrinhas formando uma frase são capazes de criar
expectativas grandiosas quanto a todas as palavras que as sucedem. *---*
Quanto ao livro propriamente... gostaria de ter os sete
livros separados, mas, por enquanto, só tenho a edição “As Crônicas de Nárnia -
Volume Único”, que reúne os sete livros da série. É um livro um pouco grande e
pesado, o que torna difícil levá-lo na bolsa para ler em qualquer lugar :( . Mas, exceto por este
motivo, é uma boa edição. Contém as ilustrações de Pauline Baynes, não contém
erros ortográficos (eu não lembro de ter localizado algum), a qualidade do
livro (páginas e capa) e a diagramação são boas e a capa é linda!
>> Saiba mais sobre o livro aqui. <<
Minha opinião
É possível reunir aventuras, amizade, amor, drama, um país
fantástico, reis, rainhas, seres humanos, seres mitológicos, animais falantes,
anões, gigantes, batalhas, profecias e uma representação de Jesus Cristo em uma
única história? É possível um livro ser infantil e para todas as idades ao
mesmo tempo?? Sim. Sim. Para Clive Staples Lewis, é possível!!
“O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa” é o segundo livro em
ordem cronológica e foi o primeiro livro publicado da série “As Crônicas de
Nárnia”. Nele, Lewis nos presenteia com um enredo envolvente e gracioso, cheio
de surpresas (que podem não ser ‘surpresas’ se você já assistiu ao filme, mas,
ainda assim, emocionam), um país incrível, com encantos naturais e mágicos, e personagens
cativantes. O autor também nos apresenta os irmãos Pedro, Susana, Edmundo e
Lúcia, com quem nos aventuramos no país de Nárnia.
As aventuras em Nárnia iniciam logo no dia seguinte a
chegada dos irmãos a casa do professor, quando eles têm seus planos frustrados
e são obrigados a ficar dentro de casa, uma casa enorme, “o tipo da casa que parece não ter fim, cheia de lugares
surpreendentes” (p.104). E foi em um destes lugares que descobrimos uma das
melhores surpresas da literatura, “uma
sala onde só existia um imenso guarda-roupa (...). Nada mais na sala, a não ser
uma mosca morta no peitoril da janela” (p. 105).
Mas... o que esperar
de um lugar como este? Que grande surpresa pode haver em uma sala vazia?
Se você for como Pedro, dirá que lá não há nada e logo
desistirá e abandonará esta aventura (antes mesmo que ela comece). Mas se for
como Lúcia, dirá que vale a pena insistir um pouco mais, tentar algo que
ninguém tenha pensado em fazer antes, mesmo que pareça que não terá sucesso na
empreitada.
É assim que conhecemos cada personagem, nem tanto por suas características
físicas, mas por demonstrações de seu caráter. Como: em uma casa simples, porém
aconchegante, ter duas cadeirinhas, uma para o dono e outra para um amigo
(amizade, hospitalidade); escolher dizer a verdade mesmo que ninguém acredite,
o que lhe provoca um grande desgosto (sinceridade); decidir humilhar alguém
inocente para não ter que assumir seu erro (maldade, ganância); provocar até
medo por ser muito poderoso e perigoso, mas nunca fazer mal (bondade). Assim, a
história pode ser interpretada de forma simples, como um conto de fadas para
entreter uma criança, ou complexa e profunda, como uma fonte de lições que você
pode entender se refletir um pouco.
É uma história que vale a pena ser lida, ser degustada. “E quem disse que a história não é verdadeira? ” (p. 122)
É uma história que vale a pena ser lida, ser degustada. “E quem disse que a história não é verdadeira? ” (p. 122)
“É claro que um dia vocês voltarão a Nárnia. Quem é coroado rei em Nárnia, será sempre rei em Nárnia. Mas não tentem seguir o mesmo caminho duas vezes. Na verdade, vocês nem devem fazer coisa alguma para voltar a Nárnia. Nárnia acontece. Quando menos esperarem, pode acontecer. “ (p.186)
“E chegamos ao fim das aventuras do guarda-roupa. Mas, se o professor tinha razão, as aventuras em Nárnia estavam apenas começando. “ (p. 186)
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